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Feér cozinha atemporal tem projeto contemporâneo, vibrante e lúdico para experiência gastronômica única.

Escolher onde comer nunca é uma tarefa fácil. Afinal, são muitas as opções de lugares, culinárias diversas e espaços distintos.

Laura Ré

4 de abril de 2024

Escolher onde comer nunca é uma tarefa fácil. Afinal, são muitas as opções de lugares, culinárias diversas e espaços distintos.

São vários, também, os fatores que podem influenciar essa escolha e, com certeza, um deles é a arquitetura que, em conjunto com a apresentação e sabor dos pratos, torna completa e única a experiência gastronômica para o cliente.


Um exemplo é o feér cozinha atemporal, inaugurado em novembro de 2023 em Curitiba (PR) tendo à frente o chef Lênin Palhano, com projeto arquitetônico assinado pela Ohma Design, de Nicholas Oher e Paloma Bresolin.


Seguindo o propósito do restarurante - promover momentos singulares no cotidiano, que vão além do tempo e das tendências -, os ambientes foram projetados com cores vibrantes, formas cuvilíneas e obras lúdicas para potencializar a experiência dos clientes. Em entrevista a HAUS, Nicholas Oher fala sobre o desenvolvimento do feér e também sobre o poder das cores, das formas e dos materiais no desenvolvimento de um projeto de arquitetura para restaurante. Confira:


HAUS - Qual é o conceito do projeto?

Nicholas Oher - O conceito do feér nasceu a partir do rebranding. Quando fomos contratados pelos profissionais, [o restaurante] era um lugar com atmosfera supertradicional e rústica. Nós queríamos fazer o oposto disso, com a pegada do nosso escritório e também do chef Lênin, que tem essa 'coisa' mais atemporal, com várias referências na culinária. Então, nos propusemos a elaborar o conceito, que se chama "encanto", para que quando as pessoas chegassem lá, ficassem encantadas por aquele espaço, fossem tomadas pela magia que tem tudo a ver com o nome feér, que vem de feérico, lugar mágico.



HAUS - O restaurante oferece culinária atemporal. Vocês reproduziram isso no projeto de alguma forma? 

NO - Nós sempre quisemos trabalhar com uma vibração tanto nos pratos quanto no design, trazendo isso junto com a culinária. A comida do Lênin é [uma espécie de] obra de arte. Como uma pintura, ele trabalha com várias texturas e misturas [de ingredientes] e de referências de várias culturas nos pratos. Então, a gente quis trazer isso, uma união dos pratos com a arquitetura e o design.


HAUS - Existem elementos mais lúdicos no teto, acima do balcão e até nas obras de arte. Fale um pouco mais sobre essas escolhas. 

NO - Nossas referências vem exatamente do chef Lênin e também do rebranding que fizemos no feér. Por ser um lugar completamente contemporâneo, nós queríamos trazer alegria, mas [sem que o restaurante] deixasse de ser algo supersofisticado também. Como somos um escritório que gosta de trabalhar com formas mais orgânicas, e pensando até nos próprios pratos, o partido veio da esfera. Usamos todos os cantos arredondados, desde o do mobiliário - que desenhamos e assinamos - até as esferas no balcão. Acima da área onde eles cozinham há diversas bolas de vinil para trazer uma atmosfera bem lúdica, além das nuvens que ficam por todo o espaço e que também assinamos.



A maioria dos mobiliários, dos estofados e mesas, é design nosso. Nós os desenhamos e convidamos outros artistas para colaborarem com a gente. Quando se entra no restaurante, há uma obra do Gustavo Francesconi que simboliza algo feito com espuma, há uma textura que dá vontade de comer, como se fosse um algodão doce. Trouxemos várias cerâmicas da Ôda Design, outras peças de serralheria que desenvolvemos para a ESMO Design, tapeçarias da Sururu Design, de São Paulo, na área interna. Trabalhamos com inúmeras texturas e materiais, que é algo de que gostamos muito, para trazer todo esse conceito para dentro do projeto. As obras da Sururu Design também se referem ao feminino, a pratos de comida, tudo isso envolvendo a arte de uma forma bem lúdica.



HAUS - A Ohma sempre usa muitas cores em seus trabalhos, no feér não seria diferente. Como foi a seleção de cores para esse projeto? 

NO - Todas as obras de arte que colocamos nas paredes são de artistas que admiramos muito e que trabalham com esse estilo mais orgânico e colorido. Trabalhamos nas paredes com espaços neutros para [direcionar a] atenção para os pratos de comida, para as pessoas conseguirem entender e sentir toda essa vibração. Querendo ou não, é um espaço vibrante, com cores vibrantes. Tem o verde-neon, o rosa-choque, o roxo e o tom de laranja, que é o tom do ano passado da Suvinil, o Calcita Alaranjada, que são cores que [despertam] vontade em nós, vontade e prazer em querer comer algo diferente. As cores também [servem] para nos situarmos aqui nesse lugar mais mágico.


HAUS -⁠ ⁠⁠A arquitetura influencia na experiência gastronômica como um todo? Se sim, como?

NO - Nós pensamos em cada detalhe, desde quando a pessoa chega na recepção, que é toda monocromática, com um tom de laranja mais terroso, para [que ela se sinta] energizada, com vontade de comer, até olhar as circunferências, com iluminação diferenciada para que esteja numa atmosfera mágica e entre em um lugar todo claro, [onde] a comida é protagonista. A pessoa sente todo aquele clímax de estar comendo uma coisa diferente, um prato novo que nunca experimentou. O feér passa uma experiência desde quando você chega à recepção até a apresentação do prato. A atmosfera do lugar também traz o aconchego das cortinas, um ambiente mais calmo, com muita vegetação. Lá dentro é um oásis, uma explosão de estética. 



HAUS - ⁠⁠Em uma era de pedidos online que podem ser feitos através de um clique e aplicativos de entrega de refeições, como fazer com que os clientes se desloquem até um restaurante?

NO - Acredito que, hoje, as pessoas saem de casa pela experiência. O restaurante precisa chamar para essa questão da experiência e para a parte funcional também. Não é para ser um espaço estético, mas também funcional, tem que entregar desde a parte dos funcionários, do carisma, do atendimento, da experiência da comida até a hora em que o cliente você vai embora. Eu acredito que o feér passa tudo isso nas redes sociais, no projeto executado e no prato que está ali sendo apresentado. Os restaurantes têm que [proporcionar] experiências. Nós pensamos muito nisso, desde o começo [ao final do projeto]: da pessoa chegar ali e realmente [se sentir] num lugar mágico onde os desejos dela estão sendo atendidos.

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